Existem poucos coordenados tão emblemáticos no mundo da moda como o tailleur Chanel. O conjunto formado por um casaco e uma saia em tweed tornou-se na assinatura da casa de moda francesa que, desde 1954, continua a integrar o intrincado tecido áspero de lã nas suas criações icónicas. Apesar de ser um modelo icónico, o tweed deixou de ser uma preferência quotidiana para muitas mulheres. Em 2022, contudo, o clássico foi adaptado para o uso diário e para estilo de vida moderno.
O conjunto criado por Coco Chanel ficou para a história. Apesar da polémica em torno das ligações da designer aos nazis, tornou-se um ícone feminista nos anos 20, ao desenhar peças de roupa que se tornaram sinónimo de liberdade, emancipação e até de rebeldia. As suas propostas, que se incluíam elementos exclusivos do guarda-roupa masculino, vão muito além do papel primário da roupa — cobrir o corpo.
Este legado não durou apenas um ano, nem uma década, mas sim 60 anos. O próprio tecido, fabricado a partir de uma lã específica, era associado a um estilo mais clássico e para uma clientela com poder de comprar — como a da Chanel. Nos anos 50, o tailleur era considerado incontornável de qualquer mulher chique e elegante.
Agora, 70 anos depois, a trend está de regresso (embora nunca tenha saído do catálogo da casa de luxo francesa) e já chegou às marcas mais acessíveis. Na Mango, por exemplo, encontra uma proposta que prova que o tweed vai invadir aos feeds de Instagram. Surge no mesmo estampado de quadrados que associamos ao famoso tailleur Chanel, mas com um design mais moderno. O modelo curto é adornado por uma corrente dourada que substitui os botões que a fundadora da insígnia parisiense usava sempre.
O casaco tem um desenho reto, de manga comprida e com pormenores desfiados. E, tal como o fato que emancipou as mulheres, tem uma saia a condizer para construir um look completo. Custa 79,99€ no site da Mango e está disponível entre os tamanhos S e L. Se chegou às lojas de fast fashion favoritas das portuguesas e às it girls — como Sienna Miller, Sydney Sweeney e Selena Gomez —, significa que o modelo vai estar por todo no lado nos próximos meses.
Virginie Viard, atual diretora-criativa da Chanel, tentou inspirar-se no zeitgeist, ou seja, o espírito hodierno, na coleção mais recente. Nas propostas para a estação outono-inverno de 2022, apresentou o tweed como protagonista dos seus designs. No Grand Palais, em Paris, a localização habitual dos desfiles da insígnia, juntou-se a memória da velha tendência com a nova visão criativa.
Do recurso ao brilho à aposta no estilo monocromático, em oposição ao xadrez, as propostas são variadas. Fora do vestuário, os próprios acessórios em tweed são uma forma de fugir aos looks mais convencionais. Seja em carteiras ou sapatos, este icónico tecido dá um toque vintage e diferenciado a qualquer acessório mesmo tempo.