Em pleno litoral alentejano, na aldeia de Porto Covo, a produção de moda procura captar a calma e a paz da zona envolvente. É isso que Dina Silva, de 31 anos, quis alcançar quando lançou a Vanilla, no início de janeiro, com o trabalho artesanal e a inspiração do Alentejo a originarem peças que remontam para cenários idílicos.
“Porto Covo é o meu porto seguro, a minha casa, a minha iden
tidade”, explica a designer, que fez desse ponto de vista a identidade da marca. Sempre esteve ligada à moda, enquanto lojista, mas no ambiente urbano de Lisboa. Dina percebeu que não se identificava com o estilo de vida e voltou a encontrar-se através das suas raízes, onde “observa com calma tudo o que está à sua volta e valoriza os pequenos momentos”.
O lançamento da marca está ligado a este regresso, com o processo de instrospeção a resultar numa epifania que a fez materializar um sonho que tinha desde sempre. Uma das ligações mais importantes, porém, prende-se com a avó materna: “Apesar dos poucos recursos financeiros, investiu o pouco que tinha para comprar uma máquina de tricotar e durante anos criou e vestiu avós, pais e netos. Foi uma autodidata”.
O poder do vestuário
Movida pela crença de que a roupa “é a face visível do ‘eu’”, a Vanilla vende peças que têm em atenção a importância da primeira impressão. A forma como nos vestimos pode refletir a singularidade de cada pessoa, pelo que uma abordagem inicial passa, muitas vezes, por apresentar a nossa melhor versão. “É extraordinário como conseguimos isso tudo com uma única peça de roupa”, sublinha.
A etiqueta tem como objetivo criar peças de roupa que sejam confortáveis, atemporais e femininas, todas inspiradas na alma do litoral alentejano. A escolha das cores quentes e suaves relacionam-se com o clima da região, enquanto os tecidos resultam em modelos “leves e fluídos, como o ar que se respira na aldeia”. O projeto visa ainda o apoio aos trabalhadores locais, “urgente nas regiões que vivem da sazonalidade”. De acordo com Dina, “tudo isto é Alentejo”.
Criadas para poderem ser usadas agora ou daqui a dez anos, as propostas da marca têm um design simples, mas os detalhes são pensados cuidadosamente para dar resposta ao seu público alvo. Trata-se de um grupo de “mulheres cada vez mais conscientes das suas escolhas” e “que gostam de estar bem em qualquer ocasião, com peças versáteis, confortáveis e com qualidade”. Ao mesmo tempo, as mulheres Vanilla preocupam-se com o ambiente e não só querem, como exigem a moda consciente.
Consciente, justa e humana são os três pilares que sustentam os valores da etiqueta. Do processo de produção feito em Portugal, por modistas locais num pequeno atelier, à escolha dos materiais e do embalamento, procuram reduzir o impacto no meio ambiente através de uma política de zero desperdício. Na primeira coleção, isto traduziu-se no trabalho com dois tipos de fibras, o algodão orgânico e o tencel.
“Blossom”, a primeira coleção
A primeira coleção, intitulada “Blossom”, é uma ode à Primavera. Cada peça assume o nome de um elemento ligado à natureza, como o vestido alfazema ou orquídea, por exemplo, que emanam a cor e a leveza da estação. “Inspirada na beleza subtil dos campos florais do meu Alentejo, a colecção ganha vida através de uma paleta de cores vibrantes misturadas com tons mais suaves”, conta a criadora. “[A coleção] é um convite para parar e apreciar a beleza da natureza no seu estado puro”.
Por isso, não é surpreendente que o próprio nome da insígnia siga esta linha de raciocínio e remeta para uma especiaria. Vanilla — ou baunilha, em português — remete para tudo aquilo que Dina pretende que as suas peças transpareçam: “é uma das minhas essências e cor preferidas, com um cheiro muito suave, feminino e delicado”, diz.
De forma a que o projeto se mantenha uma novidade constante, a marca decidiu optar por coleções mensais, com novas peças todas as semanas: “Queremos estar presentes no dia a dia de quem procura por nós e de quem ainda não nos conhece. E não há melhor forma de o fazer do que ter algo para ‘contar’ todas as semanas”.
Como ainda estão numa fase inicial, perceber a aceitação da marca, para depois se adaptarem, é uma das prioridades para continuarem a expandir-se. “Atualmente, dedico-me a este projeto em part-time, mas ambiciono dedicar-me a tempo inteiro”, conclui. “[Quero] focar-me no mercado nacional e aumentar a notoriedade da marca através de pontos de venda e participação em mercados”.
Pode descobrir mais sobre a identidade da Vanilla, assim como dos lançamentos que introduzem a marca aos portugueses, através do seu site. Os preços oscilam entre os 80€ e os 130€.