À medida que vamos crescendo, pedem-nos para fazermos árvores genealógicas com as pessoas com quem partilhamos conexões familiares. No entanto, há laços que são capazes de transcender a partilha de sangue ou a mesma ascendência. Constança e Mariana são amigas desde que nasceram e são o retrato de uma ligação com raízes profundas, capaz de dar origem a um projeto para todas as famílias — as convencionais e as que escolhemos.
Foi no momento em que em que a pandemia explodiu que as amigas foram mães ao mesmo tempo. “Estávamos a ver baús de roupa emprestada e começámos a reparar que aquilo que estávamos a reutilizar mais eram peças com padrões intemporais e tecidos de boa qualidade”, começa por contar Mariana Mesquitella, de 29 anos. No caso das jardineiras, conseguiram peças com mais de três décadas, nos baús da sua roupa. Porém, as mais recentes apresentavam pouca qualidade.
A forma de lidarem com a situação foi viajarem de Lisboa para o norte, mais concretamente para Guimarães, onde começaram a procurar fábricas que as conseguissem ajudar. Começaram a trabalhar e, a outubro de 2021, nasceu a Canico. Mariana conseguiu cumprir o objetivo de mudar de vida e abandonou o trabalho num escritório de advogados para se juntar à partner in crime, de 31 anos.
“A Constança é a Coca e eu sou a Nico, porque quando nasci era muito pequenina e o meu pai disse que eu era um nico de gente”, revela a ex-advogada, sobre o nome do projeto. “Coca e Nico deu Canico, que até parece um nome querido para crianças e bebés”. Atualmente, vendem peças para miúdos até aos seis anos. O catálogo inclui jardineiras em saia, calças ou calções.
Relativamente ao design das jardineiras, criado por Mariana, é um modelo que pretende atingir a intemporalidade, o uso para rapazes e raparigas, com as cores a ficarem ao gosto de cada um, e algo que permita ser usado tanto no verão como no inverno. “O modelo tencionamos manter o mesmo, variando alguns pormenores, para as pessoas já relacionarem a Nico com o design”, continua a fundadora, que destaca o pormenor da etiqueta.
As etiquetas são feitas de algodão e contêm várias linhas onde é possível escrever vários nomes, permitindo que sejam passadas de geração em geração com a história de quem as vestiu gravada no seu interior. “Nós herdamos roupa que tinha nomes de sobrinhos, primos e tios. Tínhamos que riscar e escrever por cima”, adianta Mariana. E podem passar não só para filhos ou primos, como para as pessoas que escolhemos adotar como família.
Além de permitirem que os irmãos andem vestidos de igual, por exemplo, as peças largas em cima dão a possibilidade de colocar sobre a fralda o que, devido à mola entre as pernas, facilita a muda dos bebés. Os miúdos podem brincar e sujar-se, afinal, “o conforto dos miúdos é essencial para os pais escolherem as roupas que compram”.
Com o último lançamento da marca, Timeless Collection, as cofundadoras deram mais um passo em direção aos contornos que querem que distingam a marca. “O nosso objetivo é termos a Timeles Collection o ano inteiro e depois lançarmos coleções pequeninas”, continua, revelando que a próxima novidade é a Capsule Collection, um pequeno número de propostas feitas com tecidos de stock. O lançamento parte da colaboração com uma costureira local de Lisboa e tem lançamento previsto para abril.
As preocupações ambientais vão do material escolhido, o algodão, até ao packaging das encomendas. Criaram uma tote bag de algodão reciclado que funciona como mochila, devido às alças laterais e à alça principal superior, funcionando para toda a família.
“Desde o início da produção, pedimos para não deitarem os restos. No princípio, veio-nos uma caixa de 14 quilos e nasceram as tiras de chucha, os saquinhos de alfazema, os laços e os elásticos”, conclui Mariana. “Agora, começaram a surgir também as almofadas de alfazema, planta que compramos a um produtor local de Guimarães”.
As peças da Canico estão à venda no site da marca.
Veja na galeria para conhecer algumas das jardineiras.
