Integrada no grupo de ilhas do barlavento cabo-verdiano, 50 quilómetros a Sul do Sal, Boa Vista é a ilha do arquipélago de Cabo Verde que está situada mais perto do continente africano. Embora os primeiros navegadores a tenham batizado de São Cristóvão, o seu nome atual resulta de ser o primeiro pedaço de terra firme que os navegantes do Renascimento avistavam na sua perigosa aventura atlântica. Com uma superfície de 620 quilómetros quadrados, é a terceira maior ilha do arquipélago e, tal como Sal e Maio, é plana, à exceção de um maciço rochoso situado a oriente, que atinge o píncaro no Pico d’Estância, com 360 metros de altura. A sua paisagem costeira é de dunas altas e flutuantes, de areia branca, embelezadas ocasionalmente por oásis de tamareiras e lagoas. O interior da ilha alterna desertos de areia – semelhantes ao Sara – com planícies rochosas. A orla marítima é envolvida por um anel de recifes de corais e rochas com forte campo magnético, o que contribuiu para o desnorte de muitas embarcações.
A ilha da Boa Vista é uma das mais importantes de Cabo Verde. A população é de apenas 4000 habitantes e a economia gira em torno da agricultura e da pesca. A capital é Sal Rei, que tem mais de 3000 habitantes, e o resto das povoações – cerca de dez – são pequenas aldeias praticamente familiares.
Sol, mar e praia constituem os maiores atrativos desta ilha, para além da gentileza da sua população e da gastronomia local, tipicamente cabo-verdiana e reforçada pela abundância de bom peixe e marisco. É o local ideal para quem procura umas férias repousantes, longe do bulício dos grandes centros turísticos. A tranquilidade e a paz reinantes são outras duas razões da escolha dos seus imensos areais, pelas tartarugas marinhas, em época de desova (primavera e verão).
Não deixe de observar as tartarugas marinhas
Protegida da invasão do turismo de massas, Boa Vista tem sabido preservar aquilo que a torna única e singular: as paisagens, a cultura, a fauna e as tartarugas marinhas, que acorrem aos areais na época da desova. É para garantir que elas continuarão a chegar, que existem fundações como a SOS Tartarugas, que atua no arquipélago cabo-verdiano, ou a Turtle Foundation, esta com atividade não só nestas ilhas como noutros pontos do Mundo. Das cinco espécies de tartarugas que visitam as ilhas de Cabo Verde, todas estão em perigo. A ameaça é real – mais do que isso, é crescente, acompanhando o desenvolvimento do turismo e as consequências negativas que daí advêm. Contando com o apoio de voluntários, a intervenção destas fundações tem sido valiosa para reduzir os danos para esta espécie, atuando não só diretamente nas praias, mas também na consciência dos habitantes e visitantes de Cabo Verde. Uma das formas de o concretizarem é promover a adoção destes animais, através de passeios guiados durante a noite, até aos ninhos das tartarugas, uma viagem de cerca de duas horas que ajuda, sem dúvida, a fazer a diferença.
A não perder…
Ilhéu de Sal Rei: Existem vestígios do que antigamente foi o Forte Duque de Bragança. Pode ir de barco ou a nado. A profundidade do mar não ultrapassa 1,50 metros.
Igreja Matriz de São Roque: Fica na vila de Rabil, antiga capital, e é a igreja mais antiga da ilha, tendo sido construída em 1801.
Fábrica de Cerâmica: Situa-se na vila de Rabil e ainda hoje utiliza tecnologia artesanal africana. Tem um posto de artesanato para jovens.
Capela de Santo António: Situa-se na Povoação Velha, onde se iniciou a povoação da ilha.
Farol do Morro Negro e Farol da Ponta do Sol: Estão situados na Rotchona e oferecem um fantástico panorama atlântico.
Povoação Velha: Tem o charme nostálgico dos locais que o tempo venceu e adormeceu. Foi aqui que começou a história da Boa Vista, nos anos de 1600. Descendo para a costa encontra uma linha de belas praias, como a de Santa Mónica (considerada das melhores de Cabo Verde) e a do Curralinho e, mais para sul, as de Lacação e Curral Velho.
Os acessos a estas duas praias são difíceis e é aconselhável ir de jipe 4X4. Da de Curral Velho avista-se o ilhéu do mesmo nome, onde habitam alcatrazes, aves marinhas em vias de extinção, e o rabil, uma ave raríssima que se reproduz apenas nos ilhéus de Cabo Verde.
Ponta da Varandinha: Onde se situa a esplendorosa praia da Varandinha, com uma bela gruta natural voltada para o mar.
Deserto de Viana Rabil: Comparado ao deserto do Sara em miniatura, com pequenos oásis, palmeiras solitárias e dunas formadas com a areia que o vento traz do continente africano.
Morro de Areia: É um autêntico deserto à beira-mar, num cenário incrível, onde se avista um areal com o azul do Atlântico como pano de fundo.
Gastronomia
Lagosta na brasa, cachupa (feijão, carne de porco, milho e legumes), cachupinha, pastel com diabo (uma mistura de atum fresco, cebola e tomate enrolada numa massa feita à base de batata cozida e farinha de milho), caldo de peixe, banana enrolada, etc., e também deliciosas caipirinhas). Deve experimentar a bebida típica deste país, o grogue, uma aguardente de cana.
Onde comer
Para além dos restaurantes dos hotéis, nem sempre é fácil arranjar um bom local para comer. No entanto, a dieta tradicional da Boa Vista assenta no peixe e nos mariscos, sobretudo a lagosta. O chicharro seco assado é o prato de boas-vindas. Não deixe de experimentar o famoso queijo de cabra.
Compras
Artesanato nativo, talhas de madeira, pinturas, música e olaria.
Vestuário
Use roupa leve, de tecidos naturais. A maioria dos hotéis exige vestido de cocktail para ocasiões especiais e calças à hora do jantar.
Guia do viajante
Onde ir
Onde comer
Onde ficar
Clima
Tropical seco, com temperaturas a rondar os 25º C durante a maior parte do ano.
Documentos
Passaporte em vigor. Preenche-se o “cartão de embarque internacional”, tanto na entrada do país, como na saída. O visto é imprescindível (não incluído no preço da viagem e para estadias de 30 dias no máximo). Para tratar do mesmo, deve enviar para a agência de viagens, dez dias antes da partida, fotocópia da página do passaporte onde aparecem os seus dados pessoais.
Outras Informações
Vacinas: Não precisa, mas convém ter atenção à água que consome e aos alimentos crus. Recomenda-se ainda que deve levar repelentes de insetos e protetor solar. Diferença horária: -1 hora no outono/inverno e -2 horas na primavera/verão. Visto obrigatório: 25 euros. Eletricidade: 220 volts. Moeda: Escudo cabo-verdiano. 1 euro = 110 escudos; o câmbio aplicado geralmente é de 1 euro = 100 escudos, já que o uso de euros é aceite de forma habitual. Idioma: Para além do português, língua oficial, o crioulo cabo-verdiano é usado no dia-a-dia pela maioria da população do Sal, pois existe uma variante local do dialecto.