O grupo Michael Kors anunciou que passará a chamar-se Capri (após a compra da Versace) e que daqui a uns anos estará a faturar 8 mil milhões de dólares.
Os planos não são novos: desde que no ano passado comprou a Jimmy Choo num negócio de cerca de 1,2 mil milhões de dólares, a Michael Kors (MK) estava a avisar que queria deixar o segmento médio e ganhar no luxo. A explicação era simples e tinha basicamente a ver com a quebra acentuada das vendas nos EUA, o mercado que suportou a marca americana durante vários anos. No entanto, a alteração do perfil dos consumidores, que agora parecem procurar bens mais caros e duradouros, obrigou a Michael Kors a mudar de estratégia – até porque nos últimos anos a marca tinha perdido alguma reputação com os (acentuados) descontos constantes.
Agora, com a aquisição da Versace, o grupo prepara-se para ganhar em toda a linha. Com esta compra, que rondará os 2,2 mil milhões de dólares, a empresa americana espera alcançar uma faturação “a rondar os 8 mil milhões de dólares a longo prazo”, lê-se no comunicado oficial libertado pela companhia esta terça-feira, 25 de setembro. No ano passado a faturação fixou-se pouco acima dos 4 mil milhões. E claro, a MK quer também conquistar os clientes de topo que a Versace foi angariando ao longo dos seus 40 anos de existência, fundamentais para o seu reposicionamento.
A MK – que passará a chamar-se Capri Holdings Ltd no final do ano, quando a aquisição da casa italiana estiver concluída – revelou no mesmo documento que quer a Versace a apostar mais em acessórios, onde tem uma margem muito grande para crescer uma vez que é a área onde os consumidores estão a gastar mais dinheiro. John Idol, CEO da MK, acredita que os acessórios possam passar a representar 60% da faturação da Versace, um valor muito acima dos atuais 35%. E afirmou ainda que espera que a marca fundada por Gianni Versace possa fechar o ano a valer 850 milhões de euros. “A Versace está terrivelmente subdesenvolvida e isso vai, claramente, mudar agora com os recursos do Capri por detrás”, garantiu Idol numa conferência telefónica realizada após a confirmação do negócio e citado pela Bloomberg.
Já Donatella Versace, que continuará a ser a diretora criativa da marca criada pelo irmão, disse-se feliz com o negócio e revelou que mal podia esperar pelo início da nova era da empresa. Em declarações citadas pelo New York Times, a designer afirmou que ao longo dos anos foi “abordada por muitas partes interessadas [em comprar a Versace] mas sei que este é o negócio certo – tanto agora como em termos de futuro. A paixão que demonstram e a visão que têm para a Versace é muito clara e está completamente alinhada com a minha”.
Assim que o negócio se efetivar, a Capri Holdings Ltd vai passar a gerir 18 mil colaboradores internacionalmente. As fusões e aquisições entre marcas de luxo mundiais estão a tornar-se mais recorrentes: no ano passado a americana Coach, liderada pelo português Victor Luis, passou a chamar-se Tapestry depois de ter absorvido a Kate Spade e a Stuart Witzman, na mesma tentativa de se reposicionar no mercado de luxo.